domingo, 5 de abril de 2009

Aracy Côrtes, Senhora Rainha

Aracy nasceu em 31 de Março de 1904, no Rio de Janeiro.
Seu nome de batismo era Zilda de Carvalho Espíndola, e ai de quem escrevesse errado sem o “E”...

Era filha de Argemira de Carvalho Espíndola e Carlos Espíndola. Afirmava ser “uma mestiça terrível – filha de brasileiro com espanhol e neta de paraguaio”.

Era a caçula dos irmãos Silvino e Dalva.
O contato de Zilda com a música se deu ainda em sua infância. Seu pai era amante da música e tocava choros em sua flauta.

A amizade com Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna) se iniciou na infância dos dois, quando eram vizinhos (a diferença de idade entre eles era de sete anos).
Nas reuniões musicais na casa do futuro compositor ela e a irmã já ensaiavam os primeiros passos de dança.

Um dia Zilda comunicou aos pais que havia sido convidada para atuar em um grupo amador, os “Filhos de Talma”.

Pouco depois estreava no Democrata Circo ( que também seria chamado de Circo Spinelli, usando o sobrenome de seu dono), onde o célebre Benjamin de Oliveira era a atração principal. Apesar do desmaio na apresentação inicial o publico gostou da garota e, em pouco tempo, já estava com a Companhia Arruda excursionando por São Paulo e Minas Gerais. Genésio Arruda, dono da companhia, era especialista no tipo “caipira”.

Quando seu amigo Pixinguinha formou o conjunto Os Oito Batutas, no qual seu irmão China (Otávio Vianna) também fazia parte, a menina Zilda foi cogitada para fazer umas apresentações com o grupo.

Mas era preciso fazer uma grande mudança.

China e Mário Magalhães, o crítico teatral do jornal “A Noite”, estavam na redação desse vespertino quando resolveram inseri-la ao conjunto. Porém, Mário achava que o nome Zilda não combinava e, após pensarem bastante concordaram que Aracy era algo bem brasileiro.

Mas, Aracy “de quê”? Uma dúvida mais complicada que a primeira, pois teriam de arranjar um sobrenome marcante, que se encaixasse com o nome.

Enquanto pensavam entrou, apressado, o repórter policial Côrtes. Ao ver o colega, Mário encontrou sua resposta. Assim, nascia Aracy Côrtes.

Ela não gostou da mudança e no início só usava somente metade no nome.

Daí para o grande meio de divulgação da música popular, de artistas e compositores, o Teatro de Revista (um poderoso veículo de comunicação que trazia a atenção da população ao que acontecia na política e nos costumes sociais), seria um pulo.

Sua estréia profissional nos palcos das revistas aconteceu em 31 de Dezembro de 1921.

A peça era “Nós, pelas costas!”, de J. Praxedes, com música de Pedro de Sá Pereira, com estréia no Theatro Recreio Dramático (ou Theatro Recreio), onde ela ainda iria brilhar inúmeras vezes.

O Recreio ficava na Praça Tiradentes, onde se encontravam os mais famosos teatros e a concentrava as peças de Revistas. Como já existia outra Zilda no elenco a solução foi usar definitivamente o pseudônimo. E a garota estreou como Aracy Côrtes mesmo.

Sua interpretação da personagem “Vinho do Porto”, na cena “No Domínio de Baco”, apresentava momentos de crua sensualidade pagã, segundo a imprensa. O crítico Mário Nunes a destacava como “figurinha de brasileira petulante”.


Obs: Artigo em 5 partes.

3 comentários:

  1. Marcelo muito bom e informative textos. voce ta o parabens viu. so preciso escota soundtrack Aracy Cortes em background enquando voce ta escrevendo vida de ela. parabens o trabalho para memorie de musica de brasil e espero escotar sobre seu tese doctorado de belle epoque. abraco Marcelao

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  2. Como sempre, um riquíssimo conteúdo!
    Belíssimo acervo!
    Parabéns pela sua dedicação, Marcelo! Você é um exemplo para os brasileiros.

    Um beijo,
    Carmem Toledo.

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  3. O blog está muito bom. Bem informativo, mesmo. Parabéns!!!Acho só que você poderia ter chamado mais atenção para os textos se fizesse títulos que resumissem o conteúdo de cada texto.

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