quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A HISTÓRIA DE RODOLFO VALENTINO (PARTE 02)

Rodolfo Valentino como Julio Desnoyers,
em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, de 1921.



Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse foi um grande sucesso. Mas o estúdio achava que quem merecia os créditos de tal feito era a estrela Alice Terry (a mesma Alice Taaffy que, como Valentino, foi figurante em Alimony, em 1918) e seu esposo, o diretor Rex Ingram.
 
Embora o astro principal tivesse se destacado, foi escalado na próxima produção para um filme de ação, Corações Cegos (Unchanted Seas, 1921), com Alice Lake e dirigido por Wesley Ruggles.
 
Essa produção teria prejudicado seriamente sua carreira se seu fascínio sobre as mulheres não se exercesse mais uma vez.
 
Nessa época uma das grandes atrizes da Metro era Alla Nazimova que insistiu em ter Valentino como par em seu próximo filme.
 
Com roteiro de June Mathis e baseado no romance La Dame aux Camélias, de Alexandre Dumas Filho, A Dama das Camélias (Camille, 1921) foi dirigida por Ray C. Smallwood, com decoração e vestuários expressionistas de Natasha Rambova. Alla Nazimova e Valentino formavam o par principal.


O romance de Dumas Filho conta a história de Marguerite Gautier, uma bela cortesã na Paris de meados do século XIX que se apaixona pelo jovem Armand. Um amor impossível que se desenvolve em um trágico final.

Sempre que o romance foi adaptado para o teatro ou cinema, a época e cenários retratados se passavam no século XIX, com todo o glamour de Paris.

Porém, na adaptação de June Mathis com direção de arte de Natasha Rambova, a história se passava na contemporaneidade. Chega a ser futurista o quarto de Marguerite. Creio que, até hoje, foi a única versão moderna do romance. E nos dias de hoje ainda impressiona pela ousadia.


Alla Nazimova era uma atriz de teatro muito respeitada e prestigiada, tendo trabalhado vários anos com Stanislavsky e sendo considerada a melhor intérprete das peças de Ibsen. Era russa e fez uma carreira de sucesso em Hollywood. Foi proprietária da famosa mansão Jardim de Allah, conhecida por suas festas suntuosas e escandalosas. Seu prestígio era tanto no cinema que o filme começa com o nome Nazimova acima do título do filme, que também produzia (Nazimova Productions). Ou seja, só seu sobrenome tinha um peso enorme e era quem garantia a qualidade da produção.

No início do filme, já sabemos que será uma versão modernizada do romance. Há um contive para esquecer as crinolinas do romance original e imaginar a mesma história na atual geração.

 

Alla Nazimova em Camille, 1921.




Nazimova e Valentino, Camille, 1921.




Nazimova e Valentino, Camille, 1921.
(Foto-poster, clique na foto para ver em tamanho natural).




Surge Natasha


Natasha Rambova em 1922



Winifred Shaughnessy, mais conhecida como Natasha Rambova, era natural de Salt Lake City. Filha adotiva do milionário Richard Hudnut, “tinha um incansável desejo de guiar a vida de outras pessoas, e Nazimova colocara-se completamente sob seu controle”. Provavelmente fora Natasha quem influenciou sua amiga a escolher Valentino como par.

Assim como Nazimova, Mercedes de Acosta, a própria Jean Acker, Natasha fazia parte de um seleto grupo de lésbicas na comunidade cinematográfica de Hollywood. Mulheres belas, elegantes e inteligentes, eram respeitadas por sua cultura e bom gosto. Vária delas casaram-se para manter as aparências perante os estúdios e fãs, embora entre os colegas não fosse preciso disfarçar tanto. Creio que para os atores homossexuais deveria haver uma maior cobrança para “manter as aparências”, pois, para a época, a imagem dos galãs e heróis das telas sempre era associada ao perfil do homem másculo e viril. Os estúdios manipulavam severamente a vida de seus contratados para que fosse passada ao público a melhor imagem de seus astros; a imagem que a sociedade da época julgava melhor e apropriada...


Natasha Rambova



Natasha passou a guiar Valentino e a fazê-lo tomar consciência de seu prestígio. Ele pediu aumento de salário usando da arma que dispunha: a falta de cooperação.
 
Quando filmava Eugenia Grandet (The Conquering Power, 1921), uma adaptação do romance de Balzac por June Mathis, novamente com Alice Terry como protagonista e direção de Rex Ingram, ele brigou muito com Ingram. O filme não teve um êxito retumbante e a Metro deixou que seu contrato expirasse.
 
Mais uma vez sua carreira iria ser impulsionada por uma mulher, Jeanne Cohen, que trabalhava para o chefão da Famous Players, Jesse Lasky. Vale lembrar que Famous Players-Lasky Corporation viria a se tornar Paramount Pictures. Ela costumava lhe indicar textos literários que poderiam vir a serem filmados. Um deles foi The Sheik, escrito pela romancista Edith M. Hull. Lasky não só concordou em filmar o romance como, influenciado por Jeanne, contratou Valentino. “Este ficou entusiasmado, pois ali estava um papel ainda mais romântico que o de Julio, porém Natasha achou a história um lixo e tentou persuadi-lo a não aceitar o compromisso”.

Entretanto, mesmo sofrendo forte influência de Natascha, Valentino não deixou que ela interferisse dessa vez e resolveu filmar Paixão de Bárbaro (The Sheik, 1921). A direção ficou a cargo de George Melford, a protagonista era Agnes Ayres e ainda contava com a participação de Adolphe Menjou. Quando foi lançado, em novembro de 1921, o filme foi uma sensação.



Cartaz de The Sheik, 1921




Valentino e Agnes Ayres, The Sheik, 1921




Valentino e Adolphe Menjou, The Sheik, 1921


Se voltarmos no tempo e nos imaginar vivendo nas primeiras décadas do século XX talvez possamos compreender o fascínio que o cinema mudo, seus astros e estrelas exerciam nas platéias. Nos anos 1900 e 1910, começamos a conhecer nomes como Norma Talmadge, Charles Chaplin, Pearl White, Mabel Normand; as vamps surgiram com Theda Bara, em meados dos anos 10, seduzindo a platéia masculina e criando tendências.

O público feminino conhecia e se impressionava com a virilidade de Douglas Fairbanks desde 1915.

Em 1921, ao verem Rodolfo Valentino em The Sheik, as mulheres não só suspiravam longamente como eram acometidas de uma estranha e gostosa sensação. Quem seria aquele belo homem que olhava de modo diferente para as mulheres?



Valentino em The Sheik, 1921



Como escreveu A. C. Gomes de Mattos, “não havia nenhum filme como Paixão de Bárbaro. Não havia ninguém como Valentino. Ninguém que olhasse para suas heroínas com tal mistura de paixão e melancolia, deixando as fãs eletrizadas, realizando seus devaneios de amor ilícito e desinibido”.

Ou seja, nascia um novo tipo de galã. Eu diria, até um galã contemporâneo. Os anos 20, ao contrário das duas primeiras décadas do século XX, revolucionaram todo um comportamento. Mesmo ainda oprimidas, a maioria das mulheres podiam sonhar por algumas horas, no escuro do cinema, com Valentino, seus olhares e beijos, e se colocarem no lugar de Agnes Ayres e, juntos, percorrerem o deserto em um veloz cavalo.



Valentino e Agnes Ayres, The Sheik, 1921



Logo depois, o estúdio o colocou em De Marujo a Comandante ou A Ferro e Fogo (Moran of the Lady Letty, 1922), adaptação de um romance de Frank Norris. A direção era de George Melford e Dorothy Dalton era a protagonista. 

O filme seguinte seria Esposa Mártir (Beyond the Rocks, 1922), com direção de Sam Wood e tendo como companheira a maior estrela da Paramount, Gloria Swanson.




Gloria Swanson e Valentino em Beyond the Rocks, 1922. 





Gloria Swanson e Valentino em Beyond the Rocks, 1922.
(Clique na foto para ver em tamanho original).




Sua carreira estava novamente em ascensão. Ele pediu o divórcio a Jean Acker para se casar com Natasha Rambova. Enquanto isso, Lasky escolhia seu próximo filme. Coube à June Mathis a adaptação para as telas de Sangre y Arena, romance de Ibañez.
 

Sangue e Areia (Blood and Sand, 1922), seria dirigido por Fred Nilbo e teria duas estrelas contracenando com o astro, Lila Lee (como a terna Carmen) e Nita Naldi (como a fatal Doña Sol). Ele interpretaria o toureiro Juan Gallardo.




Como o toureiro Juan Gallardo, Sangue e Areia, 1922.
(Clique na foto para ver em tamanho original).




Valentino e Lila Lee, Sangue e Areia, 1922.




Doña Sol (Nita Naldi) preparando o ataque a Juan (Valentino). Sangue e Areia, 1922.





Valentino e Nita Naldi, Sangue e Areia, 1922.




Valentino e June Mathis no set de Sangue e Areia, 1922.



Valentino, impaciente, não esperou o término do processo de divórcio e se casou com Natasha a 13 de maio de 1922, em Mexicalli. Mesmo com o sigilo, os jornais de todo o país alardearam a notícia, provocando um escândalo. Em um sábado, pela manhã, Valentino foi preso, acusado de bigamia. O juiz fixou uma fiança de 10 mil dólares. Natasha partiu sozinha para Nova Iorque, para amenizar a situação.




Nastasha Rambova e Rodolfo Valentino




Nastasha Rambova e Rodolfo Valentino
(Clique na foto para ver em tamanho original).



Para a grata surpresa da Paramount, o escândalo não abalou a popularidade de Valentino. No entanto, após participar (contra sua vontade) de O Jovem Rajá (The Young Rajah, 1922), com direção de Phillip Rosen, roteiro de June Mathis e tendo Wanda Hawley como parceira, ele levou uma suspensão, rumando “para perto de sua querida Natasha, porém, mantendo cuidadosamente residências separadas”.




Valentino e Wanda Hawley, O Jovem Rajá, 1922.
(Clique na foto para ver em tamanho original)




Seu contrato com a Paramount o impedia de fazer filmes para outras companhias, mas, não o impedia de se apresentar pessoalmente. No final de 1922, George Ullman tornou-se seu agente, “programando uma excursão dele e Natasha pelo país, formando uma dupla de dançarinos em espetáculos patrocinados pela Mineralava Beauty Clay Company Limited. Ele ganhava dez vezes mais o que a Paramount lhe pagava.
 
Após dez dias de concedido o divórcio, em março de 1923, Valentino e Natasha se casaram, pela segunda vez. O show da dupla era um grande sucesso e a Paramount chegou a um acordo. Agora, com o novo contrato, ele estava “no mesmo nível de seus grandes contemporâneos, Mary Pickford, Douglas Fairbanks e Charles Chaplin”. À Natasha, o contrato dava o direito de aprovação final da história e da produção. Após assinarem toda a documentação, os dois partiram para a Europa. 

No fim de 1923, começaram as filmagens de Monsieur Beaucair (Monsieur Beaucaire), sob a direção de Sidney Olcott, tendo no elenco Bebe Daniels, Lois Wilson e Doris Kenyon. “Natasha mostrou suas garras. Ela ia ao set constantemente e, sem dúvida alguma, sua palavra era lei”. O filme foi bem produzido, dando bastante lucro.




Rodolfo Valentino e Doris Kenyon, Monsieur Beaucair, 1923.




Rodolfo Valentino e Doris Kenyon, Monsieur Beaucair, 1923.




Rodolfo Valentino em Monsieur Beaucaire, 1923.
(Clique na foto para ver em tamanho original)




Confiram um trecho de Monsieur Beaucaire










O filme seguinte renderia muito mais...


(Confiram a parte 3)http://bit.ly/36HP6bq
 
Outras partes do Artigo:
Parte 1: http://bit.ly/3tuZn4n
Parte 4 (Final): http://bit.ly/36I9MjH
 
 
Mais sobre Rodolfo Valentino:

O Brasil Homenageia Valentino
http://bit.ly/36IbIsi

Rodolfo Valentino, valsa lenta de 1926
http://bit.ly/3oNlGif

Rodolfo Valentino e Suas Canções (onde o ator canta duas composições)
http://bit.ly/2LhZajM




Agradecimento à Donna Hill, 
criadora da homepage Falcon Lair - The Rudolph Valentino Homepage (http://www.rudolph-valentino.com)
 
 
Fontes:
Revista Cinemin nº 26, 5ª Série, Agosto de 1986, artigo "A História de Rodolfo Valentino", de A. C. Gomes de Mattos. Pertencente ao Arquivo Marcelo Bonavides.

Camille:
http://www.britannica.com/EBchecked/media/97273/Alla-Nazimova-and-Rudolph-Valentino-in-Camille-directed-by-Ray
http://vickeyk.hubpages.com/hub/Garden-of-Allah-Old-Hollywood
http://silenceisplatinum.blogspot.com/2010/03/miss-alla-nazimova.html
http://www.flixster.com/photos/alla-nazimova-camille-1921-alla-nazimova-10852928
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/a/a_dama_das_camelias
 
June Mathis:
http://www.filmreference.com/Writers-and-Production-Artists-Lo-Me/Mathis-June.html
http://en.wikipedia.org/wiki/File:June_Mathis_and_Rudolph_Valentino.jpg
 
The Sheik:
http://www.chambel.net/?p=78
Blood and Sand
http://www.archive.org/details/blood_and_sand_digest
 
Natasha Rambova:
http://www.imdb.com/name/nm0708118/
http://en.wikipedia.org/wiki/Natacha_Rambova
http://thefrenchsampler.blogspot.com/2011/01/natacha-rambova.html
http://artsmeme.com./
 
Rodolfo Valentino:
http://didyoujustseewhatisaw.blogspot.com/2011/05/if-they-were-alive-today_06.html
http://silverscreenscribblings.wordpress.com/tag/rudolph-valentino/
http://rudolphvalentino.org/rudy.html
http://rudolph-valentino.blogspot.com/2010_10_01_archive.html
http://parasemprehollywoodastros.blogspot.com/2010/07/rodolfo-valentino.html
http://www.answers.com/topic/rudolph-valentino-large-image-1
http://www.art.com/products/p15381342-sa-i3712265/rudolph-valentino-c1920s.htm
http://www.allposters.com/-sp/Portrait-of-Sheik-Rudolph-Valentino-1921-Posters_i5097306_.htm
http://www.art.com/products/p15381342-sa-i3712265
/rudolph-valentino-c1920s.htm
http://thetarnishedangels.blogspot.com/2009_02_01_archive.html
http://www.flickr.com/photos/11136072@N00/204326354/in/photostream/






terça-feira, 23 de agosto de 2011

RODOLFO VALENTINO - 85 ANOS DE SAUDADE

Há exatos 85 anos falecia o grande astro Rodolfo Valentino.
O Blog o estará homenageando essa semana com artigos, fotos, 
gravações e trechos de filmes sobre sua vida e carreira.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Semana RODOLFO VALENTINO

RODOLFO VALENTINO
Arquivo Marcelo Bonavides




Em homenagem aos 85 anos de morte do grande astro Rodolfo Valentino, ocorrido no dia 23 de agosto de 1926, iremos dedicar a semana a relembrar e conhecer novos detalhes da vida,  obra e homenagens recebidas pelo Great Lover do écran prateado. 






sábado, 20 de agosto de 2011

Cismando, 1929

Jesy Barbosa

Bela valsa de Rogério Guimarães, 
gravada em 18 de setembro de 1929, e lançada em dezembro desse mesmo ano.
Disco Victor 33.221-B, matriz 50050-4.
Jesy Barbosa e sua magistral voz recebem o acompanhamento da ótima 
Orchestra Victor Brasileira.


Cismando



Quero um dia nessa vida
No teu coração triunfar
E tua alma adormecida
Hei de ter, cheia de ternura, despertar
Um milagre se há de dar
Por eu muito te querer
Podes, pois, me desdenhar
Que meu desejo ainda há de te vencer
Tua alma embora emurchecida
Hás um dia há de reflorir
Vem dizê-la outra vez cheia de vida
Amorosa ressurgir
Oh, que gloria triunfal
Dominar esse teu coração
Eu alcançarei de ti, meu ideal
Com a força da paixão






Agradecimento ao Arquivo Nirez

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AMOR DE MALANDRO - 1930

Se a figura do capadócio foi cantada nas duas primeiras décadas do século XX, a figura do malandro (seu sucessor) foi enfocada nos anos 20 e 30. A figura do homem que só levava vantagem, enganava os trouxas e ainda tinha ao seu lado, fixa, a figura da mulher de malandro, que podia, ser uma prostituta (a gigolette da belle époque) ou simplesmente uma mulher submissa, que levava pancada, se lamentava, mas nunca largava seu homem, a quem devotava total adoração.


Na linha de malandros e suas companheiras surgiram sambas como Amor de Malandro (Malandro), da autoria de Francisco Alves, Freire Junior e Ismael Silva. Foi gravado pelo próprio Francisco Alves em 1929, sendo o disco lançado em julho desse mesmo ano. Disco Odeon 10.424-A, matriz 2633. O acompanhamento se dá pela ótima Orchestra Pan American.







Vem, vem
que eu dou tudo a você
Menos vaidade
tenho vontade
Mas é que não pode ser

O amor é o do malandro
oh, meu bem
Melhor do que ele ninguém
Se ele te bate
é porque gosta de ti
Pois bater-se em que não se gosta
eu nunca vi.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fotografia de VIRGÍNIA LANE, 1943


Com vocês A Vedete do Brasil em 1943. 
Aos 91 anos, Virgínia Lane mora no interior do Rio de Janeiro.

Uma curiosidade: Quando eu conversava ao telefone com a cantora Elisinha Coelho, que morava em Volta Redonda (perto de uma agência do Banco do Brasil), ela me fala que quando Virgínia ia almoçar com ela fazia a festa de dezenas de fãs que estavam na fila do banco.


Agradecimento ao Arquivo Nirez

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

ARACY DE ALMEIDA PARA OUVIR E SE ENCANTAR

Não sei se as novas gerações conhecem ou já ouviram falar em Aracy de Almeida.

Eu e minha geração a conhecemos como jurada do Show de Calouros (creio que era esse o nome) comandado por Silvio Santos. Durante anos eu via aquela senhora meio séria, de grandes óculos de grau, julgando o desempenho de artistas amadores que se aventuravam a cantar diante de vários jurados e uma grande plateia. Ela, sempre exigente, na maioria das vezes não aprovava a voz da pessoa que se apresentava. Muitas vezes o auditório a via como rabugenta e chegava a vaiar suas opiniões.

FELIZMENTE, e escrevo isso com letras maiúsculas, quando comecei minhas pesquisas, pude conhecer melhor essa senhora. Soube que ela era uma das maiores intérpretes de nossa música popular brasileira. Antes, em minha infância, eu a achava uma senhora divertida que brigava com os calouros de vozes duvidosas. Em minha adolescência eu a via como uma grande artista que, com muita experiência, sabia distinguir boas vozes, porém, em uma época e país onde o passar do tempo só apaga as glórias dos bons artistas, ela desempenhava o papel da jurada chata e antipática, na visão geral.

É bom que as novas gerações e, até, a minha geração conheçam de verdade Aracy de Almeida, essa maravilhosa intérprete de nossa música. Uma voz incomparável, agradável, chorosa em algumas músicas, com seu delicioso tom anasalado.



Aracy de Almeida nos anos 30.



Vocês terão onze motivos (músicas) para admirarem essa grande cantora.
Espero que gostem!



NUNCA PENSEI
Samba de Antônio Nássara e Rubens Soares
Acompanhamento de Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.242-B, matriz 80590-1
Gravado em 12 de agosto de 1937 e lançado em dezembro desse mesmo ano.






PAZ E HARMONIA
Samba de Valdemar de Abreu (Dunga) e Dias da Cruz (China)
Acompanhamento de Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.416-A, matriz 80887-1
Gravado em 05 de setembro de 1938 e lançado em fevereiro e março de 1939.






GOOD BYE AMOR
Samba de Roberto Martins e Oscar Lavado
Acompanhamento de Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.416-B, matriz 80889-1
Gravado em 05 de setembro de 1938 e lançado em fevereiro e março de 1939




MUNDO MAL DIVIDIDO
Samba de Nelson Teixeira, Francisco Modesto e Francisco Soares
Acompanhamento de Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.432-A, matriz 33006-1
Gravado em 08 de março de 1939 e lançado em maio desse ano.






TENHA PENA DE MIM
Samba de Ciro de Souza e Valdemiro Rocha (Babaú)
Acompanhamento do Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.229-A ,matriz 80596-2
Gravado em 17 de agosto de 1937 e lançado em novembro desse ano.






MARIDO DA ORGIA
Samba de Ciro de Souza
Acompanhamento do Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.229-B, matriz 80595-1
Gravado em 17 de agosto de 1937 e lançado em novembro desse ano







CHOREI QUANDO O DIA CLAREOU
Samba de David Nasser e Nelson Teixeira
Acompanhamento de Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.432-B, matriz 33007-1
Gravado em 08 de março de 1939 e lançado em maio desse ano.






POSITIVAMENTE NÃO

Samba de Ataulfo Alves e Marino Pinto
Disco Victor 34.605-A, matriz 33359-1
Gravado em 21 de março de 1940 e lançado em maio desse ano
Acompanhamento de Orquestra.






OH DONA INEZ
Samba de Wilson Batista e Marino Pinto
Acompanhamento de Regional
Gravado em 27 de março de 1940
Disco Victor 34.609-A, matriz 33364-1






PASSO DO CANGURU

Marcha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 34.692-A, matriz 52051
Gravado em 14 de novembro de 1940 e lançado em dezembro desse mesmo ano.






FEZ BOBAGEM 
Samba de Assis Valente
Disco Victor 34.882-A, matriz S-052459
Acompanhamento de Luís Americano e seu Regional
Gravado em 20 de janeiro de 1942 e lançado em março desse mesmo ano











Agradecimento ao ARQUIVO NIREZ






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