domingo, 6 de outubro de 2013

ZAÍRA CAVALCANTI, pela jornalista SYLVIA MONCORVO - 1941

Sylvia Moncorvo era cítica da revista A Scena Muda
Admiradora do talento de Zaíra Cavalcanti, ela publicou alguns artigos e citações elogiando a atriz de Santa Maria.
Transcrevo aqui um trechos de um artigo publicado em 18 de novembro de 1941.
Obs: Os artigos foram copiados com a pontuação e grafia originais.



Artistas de Teatro e... Artistas de Cinema.




Zaíra Cavalcanti aparece hoje aos meus leitores de A Cena Muda. Essa singularíssima atriz brasileira nasceu no Rio Grande do Sul, em Santa Maria da Boca do Monte - flor da montanha.
...
A sua graça, o seu corpo de anfora, a sua inteligencia, revelam a sua personalidade. Atriz generica, Zaíra faz a comédia, a revista, dança e canta com brilhos notáveis. Italia Fausta conta-me, que tendo representado o papel de Virgem-Maria, na peça de Eduardo Garrido, O Martir do Calcário, ultimamente no Teatro Recreio, teve oportunidade de assistir ao trabalho da atriz Zaíra Cavalcanti, que representava o papel de Samaritana. E Itala Fausta com a sua autoridade de atriz máxima e de regista notável afirmou-me: "Fiquei surpresa com o trabalho de Zaíra. Ela possui grandes qualidades de comediante". Sabendo-se o quanto Italia Fausta é avara em elogios, teremos referido o valor de Zaíra Cavalcanti como atriz capaz de representar um grande repertório.
...
É uma atriz jovem, que ainda tem muito a realizar. E eu auguro-lhe uma brilhantíssima carreira. Sendo jovem e elegante, Zaíra possui ainda educação social. Sabe acolher com finura os que a procuram, e compreende que a uma artista não se dispensa a gentileza como traço marcante dos seus complexos.
Fui visitá-la em seu camarim, no Teatro Recreio, dois dias antes da sua partida para São Paulo, onde estará estrelando a Companhia de Revistas do jovem e talentoso empresario Walter Pinto. 


A jovem estrela comentava:
Filmei Luna de Miel en Rio, uma produção argentina da Lumilton. Direção de enredo de M. Romero. A fita alcançou muito sucesso na Argentina, no Chile, no Paraguai e no Peru. O elenco é de estrelas, e eu a única estrangeira que dele faço parte. A grande atriz cômica Nini Marshall faz o papel de mais importância. No teatro, você, minha gentil amiga, tem acompanhado os meus trabalhos.


Sylvia - Lembra-se do seu sucesso fazendo a revista carnavalesca Dá nela, Zaíra?
Zaíra - Sim, E foi daquele tempo a minha estréia no teatro como atriz. Comecei como girl. Tenho orgulho em referir esta ocorrência. 
Sylvia - Mas, hoje, você é uma estrela, uma brilhante estrela, que pode fazer um repertório internacional.
Zaíra - Tenho cantado rumbas e congas, tangos e foxes e, quando os interpreto, pensam que sou cubana, argentina, americana...
Sylvia - E, no entanto, você é brasileiríssima. Tem a brasa da volúpia no sangue e na imaginação das nossas Iracemas delicadas...


E Sylvia Moncorvo continua, Zaíra Cavalcanti ofereceu-me um dos seus poemas em prosa. Zaíra é romântica e sonhadora.
...
E Santa Maria da Boca do Monte - do Rio Grande do Sul - ofereceu ao teatro brasileiro essa flor amável, rubra, perfumada: Zaíra Cavalcanti.





Em 16 de dezembro de 1941, na coluna Telas, Palcos, Mircofones, Sylvia Moncorvo falava sobre Zaíra mais uma vez.



Zaíra Cavalcanti - a estrela inteligente e formosa do teatro musicado - está realizando em São Paulo uma temporada memorável. Estrelando a Companhia de Revistas do jovem e talentoso empresário Walter Pinto, que ocupa neste momento o Teatro Santa Ana, na capital bandeirante, Zaíra Cavalcanti tem merecido altos elogios da crítica teatral paulistana. Deve-se relevar, aqui, o critério de rigorismo dos críticos de arte de São Paulo, para conferir-se, à atriz elegante, fina e harmoniosa que Zaíra sabe ser, o seu valor no quadro de sua especialização artística. Jovem e enteligentíssima, dançando e cantando e representando com alegria e a beleza da sua arte, Zaíra, tem apenas quatorze anos de palco e trinta anos incompletos de idade (sic).Muio há de fazer ainda pela vida fora, a jovem e formosa atriz Zaíra Cavalcanti - espírito de gentileza, educação aprimorada, servindo a um temperamento vibrante, bem brasileiro, bem humano e amoroso. Subindo ao estrelato, no teatro ligeiro, as suas qualidades de comediante, porém, devem também ser realçadas, sem favor. Zaíra deveria ingressar no teatro de comédia. O seu físico airoso, a sua elegância social, a sua naturalidade ao representar, lhe são dotes invulgares de artista.


Obs2: Em dezembro de 1941, Zaíra tinha 28 anos, e não 30 incompletos como diz a reportagem.














Um comentário:

  1. Estou encantada com este lindo histórico que você preparou sobre a Zaíra Cavalcanti! É um belo memorial sem dúvida, um acervo sentimental importante para a história das nossas artes.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...